PEPI, LUCI, BOM E OUTRAS GAROTAS DE MONTÃO
(1980, dir. Pedro Almodóvar)
Pepi, Luci e Bom (y otras chicas del montón) foi o primeiro longa do diretor Pedro Almodóvar e o único da sua carreira a ter seu nome composto por três substantivos próprios. Adoro quando os personagens falam o nome do filme, então me diverti bastante. Podem pesquisar, tem poucos filmes com isso tudo de nome no título. Jules e Jim só tem dois, Alvin e os Esquilos nem faz questão de nomear todos os membros e, até hoje, a única obra que tentou inovar colocando quatro nomes compostos segue sendo a série Nicky, Ricky, Dicky e Dawn, da Nickelodeon (empresa famosa pelos nomes próprios).
Esse foi o único filme da mostra À Flor da Pele que consegui assistir, e, por isso, sei a importância de se conhecer um pouco sobre um filme antes de assistir. Imagina sentar por noventa minutos numa sala pra consumir uma mídia e descobrir que ela é problemática? Eu sei o quanto isso dói. Pra quem quiser saber se Pepi, Luci e Bom é um filme do bem ou do mal antes de assistir, deixo aqui minha resenha crítica, tocando nas questões morais mais importantes representadas e avaliando como elas são abordadas durante a película.
O filme tem algumas cenas de sexo, de violência e uma pessoa batendo punheta também. E mijo. Eu particularmente prefiro quando só escurecem a tela e cortam pros personagens acordando na mesma cama, mas pelo menos não teve nenhuma cena de nudez, então acho que, por isso, não deveria ser banido. Teve também um concurso de maior pênis, mas sei que, embora seja pouco discutido, esse é um costume bastante popular na Espanha e pelo menos isso foi tratado com respeito pelo diretor. Além disso, deixo um alerta em relação a algumas cenas de sexo fora do casamento, mas sabemos que sexo dentro do casamento não existia naquela época, então pelo menos realista o filme foi.
Tem várias cenas de fumações de maconha e outras práticas imorais. Tem criança trabalhando no teatro e frequentando balada GLS, e isso é trazido com a maior naturalidade. Música alta com palavras de baixo calão e versos sobre cheirar peido. Diversos homens vestindo roupas sensuais e provocantes, intencionalmente seduzindo os personagens do filme e os espectadores na sala. Com isso em mente, não recomendaria para o público inexperiente ou sensível em demasia. Estamos falando de conteúdo extremamente carregado de ideologia woke e mau gosto progressista.
A moral da história sempre foi a parte mais importante de toda fábula infantil. É a crítica na sua forma mais polida e centralizada, tendo tanto antecipado o formato final explicado, quanto iniciado discussões morais objetivas em histórias que muitas vezes seriam incompreensíveis sem um esclarecimento. Mas no final de Pepi, Luci e Bom, você termina sem saber que aquilo tudo é muito errado. A justiça divina não cai sobre nenhum dos personagens do mal e isso deixou um vazio no meu coração punitivista que só quatro horas de Cidade Alerta sem intervalos foram capazes de preencher. Não sei o que pensar de um diretor que não cortaria a barriga do Lobo Mau e encheria de pedras.
Pepi, Luci e Bom, apesar de trazer um título sedutor, é um filme do mal. Tem um monte de pessoas cometendo crimes e ninguém vai preso. Falam de várias coisas horríveis como se fosse engraçado e promovem um monte de baderna e comportamento comunista. Ainda assim, pode ser útil como teste de avaliação moral. Minha sugestão ao Cineclube Vestígio é de que exibam o filme novamente, mas dessa vez com alguém de prontidão no celular pra chamar a polícia pra cima de quem estiver dando risada.
